quinta-feira, 30 de julho de 2009

O Carteiro e o Poeta

Há umas duas semanas eu descobri que o carteiro lê os postais que recebo e também os remetentes das cartas e encomendas. Eu havia comprado o livro "Música" do poeta maranhense Celso Borges. Comprei diretamente com o autor que agora mora em sua terra natal e por isso me enviou pelo correio. Quando chegou a encomenda e eu desci pra buscar, comentei com a namorada do meu primo, que estava aqui em casa: "Ah, é o livro..." fui interrompida pelo carteiro que disse: "É, isso, Celso Borges, Maranhão." Eu achei meio estranho, mas até aí tudo bem. E daí que ele repara no remetente, afinal, todo mundo tem curiosidade. Só que depois que eu assinei, porque era carta registrada, o carteiro, ao ver meu nome de fato, não o apelido Niti, perguntou sobre meus cartões postais e ainda fez uma piadinha sobre o conteúdo deles, retomando uma história, de alguns anos atrás, extramente íntima. Claro que a história não foi escrita nos postais, o carteiro leu apenas códigos e brincadeiras compreendidas apenas por mim e o remetente, mas ainda assim me senti exposta. Eu fiquei tão atordoada que além de esquecer de enviar um email ao Celso Borges comunicando que o livro havia chegado, acabei escrevendo um poema sobre o assunto. Segue o poema ainda sem título:

das montanhas andinas
às asas de brasília
praias nordestinas
santos de juazeiro
que chegam a petrolina
crianças indígenas
em igrejas católicas da bolívia
e a música livro
que me chega
de são luíz do maranhão
postais remetidos do Rio
de janeiro a dezembro
com o mesmo destino
escrito nos cartões
lidos pelo carteiro
antes de chegarem à minha mão

o que o carteiro diria
se soubesse
que a criança indígena
mora ali na esquina
numa asa quebrada da paraíba
e as praias nordestinas
são os desertos concretos
de uma beduína
presa numa torre feita das pedras
brancas peroladas de Arequipa
E o que o carteiro diria
se soubesse
da imensa solidão
contida na pergunta que fez
relembrando um violeiro
sob a sombra do juazeiro
nas ruínas de machu pichu
cantando o desejo
guardado em mim
de que os lençóis maranhenses
fossem feitos de retalhos de cetim*.

* tava ouvindo Retalhos de Cetim do Benito Di Paula quando soube da história.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Culpa da Luze

A dona Luze botou pilha pra eu fazer um novo blog e ela apagou o i love gororobas.
Não se deve confiar na colônia cuiabana. Definitivamente.