Tem época que é assim, a gente sofre sofre sofre como disco riscado no sofrer. É coisa que dói, mas dói demais. É dolorosa. E a gente tenta bancar o Maradona na copa de 86, driblar desde o meio de campo, vale tudo, até gol de mão. Mas não vale de nada.
Se joga em tudo quanto é presepada, ganha história pra contar, até inventa algumas pra dar uma colorida e nada. É sofre sofre sofre na vitrola e pela cidade a rodar o disco mais riscado que as lentes dos meus óculos que vivem caindo no chão, principalmente em dia de desespero e trançar de pernas nos porres da vida em busca de vida. E só morte se apresenta ao redor. Um cemitério cheio de zumbis, que não compreendem a dor, porque são alguém na noite. E lá vou eu, sendo ninguém no dia, na noite e à tarde. Tão solitária e tão pública na multidão. Spleen dessa cidade, São Paulo sombria e hostil aos que sorriem aos passantes, aos que abrem suas fronteiras e convidam para um café. Todos chegaram de Londres ontem. Preferem chá. Não com você que sorri, mas com aquele ali que não dá a mínima, porque se você se importa, não pode deixar ninguém saber.
Um comentário:
Ao tentar ir em frente no "trançar de pernas nos porres da vida em busca de vida" tem sempre alguém que se importa, mas não comigo. Só se incomoda com a expressão do meu sofrimento. Seguindo o protocolo infastigável: "porque se você se importa, não pode deixar ninguém saber".
(pq raios eu coloquei aquele s no infatigável eu não sei, mas gostei assim, não vou tirar)
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