quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Natal na Sarjetta

Ela riu. Um riso gostoso de quem não tem ontem para lembrar, nem amanhã a pensar. Ela sempre ri de si mesma ainda que lágrimas formem um oceano no olhar.
Ficaria ali, etermanemte, olhando aquele riso. Gato de Alice. Seu corpo desaparecia, somente o sorriso num quadro sem fundo.
Quero aquele riso para mim. Quero o riso de quem o presente é o segundo, não o hoje.
O riso de quem não precisa nada além do momento para rir. Sem paraísos artificiais, somente o desejo do segundo que escapa. A consciência de que o ontem é só uma lembrança e o amanhã uma aspiração.
Riso de quem sorve o segundo na certeza de que o instante é um divisor de nadas e totalmente risível.
Ela ri. Ela sempre ri com lágrimas formando um oceano no olhar.

Nenhum comentário: